Brasil é 13º do mundo em atratividade para investimentos em energia limpa
A busca por novas fontes de energias renováveis nunca foi tão forte como agora. Antes mesmo da guerra na Ucrânia, a volatilidade no mercado mundial de gás natural fez com que muitos países, em especial na Europa, procurassem reduzir a dependência do gás russo e investissem pesado em novas fontes de energia. Neste cenário, a América Latina, em especial o Brasil, ganha destaque pelo potencial de geração de energia limpa que pode ser desenvolvida nos próximos anos.
Essa é uma das principais conclusões da 59ª edição do Índice de Atratividade de Países em Energia Renovável (RECAI). O estudo, produzido pela EY, classifica os 40 principais mercados do mundo em relação à atratividade para investimentos em energia renovável.
"Com os preços do gás em alta, o clima de investimento em energias renováveis está se tornando mais atraente, pois o custo relativo das novas tecnologias está diminuindo em relação ao gás. Uma oportunidade está se apresentando claramente para as tecnologias verdes emergentes", diz trecho do estudo, que destaca o potencial da América Latina no mercado global de energias limpas.
Segundo o levantamento da EY, a crescente demanda por novas fontes de energia verde impulsionará as pesquisas e estimularão avanços tecnológicos que reduzirão os custos de produção nos próximos anos.
“Os governos vêm tomando iniciativas para diminuir a dependência das comodities energéticas russas”, explica André Flávio, diretor-executivo do setor de energia da EY. “Além disso, um investimento massivo em fontes que podem substituir os combustíveis fósseis vem sendo planejado e executado no mundo inteiro, principalmente com relação a fontes renováveis de energia”, completa o especialista.
POTENCIAL DO BRASIL
O ranking global do RECAI é liderado pelos Estados Unidos, China e Reino Unido. O Brasil ocupa a 13ª posição no ranking global, mas segue como líder da América Latina em relação à capacidade de geração de energia renovável. Apenas as hidrelétricas respondem por quase 60% de toda a energia gerada no país.
Por outro lado, de acordo com o estudo, essa dependência de energia hídrica torna o Brasil mais vulnerável às estiagens, um problema que o país tem enfrentado com mais frequência nos últimos anos, em especial nas regiões onde estão localizados os grandes reservatórios, como o Sudeste.
“O Brasil possui grande parte de seu suprimento elétrico de usinas hidrelétricas. Essa característica deixa o país mais vulnerável a secas extremas, como observado nos últimos anos. A solução seria um substituto para a fonte hídrica em caso de escassez, o que foi feito majoritariamente nas últimas décadas pelas térmicas”, explica André Flávio.
Para reduzir a dependência das hidrelétricas, fontes alterativas, como a eólica, vêm ganhando força nos últimos anos e tendem a crescer ainda mais. No Brasil, a matriz já responde por cerca de 10% do total de energia produzida no país, dadas as características naturais favoráveis à geração da energia a partir dos ventos.
Segundo André Flávio, as eólicas onshore (parques eólicos instalados na costa) no Brasil constituem um mercado maduro. Já as eólicas offshore (instaladas no mar) possuem investimentos reprimidos por uma falta de legislação e regras no Brasil.
“Uma clareza nas regras para concessões, licenciamento ambiental, conexão com a rede, contratos de venda de energia dentre outros, serão determinantes para se obter o número de concorrentes que irão investir nestas fontes”, afirma o consultor.
Segundo ele, o Brasil tem crescido no desenvolvimento de fontes renováveis de energia. Com potencial enorme em fontes renováveis, o país, bem como a América Latina, é denominado “sleeping giant” (gigante adormecido) da energia renovável.
“O ambiente de negócios em fontes renováveis no Brasil foi prejudicado por problemas econômicos e estruturais acentuados pelos impactos da alta das comodities no mundo. Apesar disso, houve avanços legislativos e regulatórios com relação a uma modernização do setor elétrico e incentivos a implantação de fontes renováveis”, ressalta André Flávio.
Por: Agência Paulista de Promoção de Investimento e Competitividade
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