Instituto da Secretaria de Agricultura contribui com pesquisa para inativar coronavírus
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, por meio do Instituto de Zootecnia (IZ), colaborou com a análise de dados no experimento para criação de um método simples e inédito para higienização de mãos e superfícies em geral, utilizando uma película antiviral como alternativa ao álcool em gel – o detergente, conhecido produto de limpeza doméstica. Em poucos minutos, o produto é capaz de neutralizar em superfícies o vírus semelhante ao da COVID-19.
A pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) contou com o apoio do Laboratório de Biotecnologia do Centro de Pesquisa de Genética e Reprodução Animal do Instituto de Zootecnia, em Nova Odessa, do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro e de uma aluna de doutorado do Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo (IQSC-USP).
O desenvolvimento dos estudos envolveu pesquisadores dos centros de pesquisas da Embrapa – Instrumentação, Pecuária Sudeste e Suínos e Aves. Segundo o assistente técnico de pesquisa científica e tecnológica do IZ, Rodrigo Giglioti, doutor em Genética, do laboratório do IZ, o Instituto contribui com as análises de dados da pesquisa da Embrapa, avaliando a confiabilidade dos dados obtidos nos testes realizados com o filme antiviral e com o controle por meio de um modelo estatístico.
O convite para participar do trabalho surgiu pela necessidade de um profissional que utilizasse o modelo estatístico não paramétrico. “O modelo utilizado permitiu comparar as análises já realizadas e confirmar que os resultados são potentes para esse tipo de dado”, salienta.
Formulação
Os experimentos mostraram que em poucos minutos é possível inativar o coronavírus semelhante ao da COVID-19. O produto forma uma película antiviral, podendo ser utilizado nas mãos e em superfícies, como mesas, corrimãos, maçanetas, permanecendo por períodos mais longos do que o álcool – que é um produto mais volátil. Os estudos buscam colaborar ainda mais para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2).
Considerada uma formulação simples e de baixo custo, a mistura utiliza detergente e óleo vegetal para que o filme fique mais flexível e hidratante para pele, e para superfícies inertes foi feita a fórmula diluída em água. O resultado foi promissor, segundo os pesquisadores, pois milhares de vírus foram neutralizados em menos de 10 minutos.
Coronavírus aviário
Para acelerar a pesquisa, a estratégia foi utilizar o coronavírus aviário, que provoca gripe em aves e não causa doenças em humanos. Ele é semelhante, quimicamente e morfologicamente, ao SARS-CoV-2. Essa aplicação foi feita, pois o vírus da COVID-19 só pode ser manipulado em laboratórios com nível de biossegurança 3 – NB3.
De acordo com o estudo, ambos os filmes foram eficazes contra o coronavírus ACoV, confirmando-se como alternativa mais barata, principalmente para a população menos favorecida de países subdesenvolvidos, que não têm acesso a nenhum tipo de sanitizante comercial.
Os resultados do estudo também abrem caminho para uma série de possibilidades e aplicações da película contra outros vírus envelopados, diminuindo contaminações por outros microrganismos patogênicos.
A proposta dos filmes à base de detergente é que eles possam ser aplicados em superfícies, como maçanetas, corrimãos, lixeiras, portas de vidro, espelhos, outros objetos, e nas mãos, como uma eficiente alternativa para impedir a propagação do SARS-CoV-2, especialmente em locais em que são escassas as formas já conhecidas de profilaxia. Além do filme não ser inflamável e não apresentar riscos para as pessoas.
Protocolos
A próxima fase da pesquisa será realizada na Fiocruz, em laboratório de Nível de Biossegurança 3 (NB-3) – ambientes destinados à manipulação de agentes muito patogênicos. A equipe do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental Fiocruz está estabelecendo os protocolos para a realização dos testes no laboratório NB3, começando em breve.
O estudo apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Embrapa começou em fevereiro, quando a COVID-19 estava se espalhando pelo mundo e já tinha chegado à Europa.
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Por: Governo do Estado de São Paulo
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