Relator do Orçamento supera proposta de Guedes e prevê salário mínimo de R$ 1.320
O relator do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), apresentou seu parecer final sobre o projeto com a destinação de R$ 169 bilhões da PEC da Transição (PEC 32/22), ainda em tramitação na Câmara (PLN 32/22). Com as mudanças, que precisam ser votadas pela Comissão Mista de Orçamento, os investimentos previstos para 2023 passam de R$ 22,4 bilhões para R$ 70,4 bilhões.
O relator explicou que o salário mínimo deve aumentar de R$ 1.212 para R$ 1.320 em 2023 porque está previsto um reajuste de quase 3% acima da inflação. A proposta do governo era R$ 1.302.
Castro já havia divulgado tabela com a destinação de R$ 145 bilhões da ampliação do teto de gastos, principalmente para as áreas sociais: Auxílio Brasil, saúde, educação e um aumento maior para o salário mínimo.
No relatório final, também crescem as despesas dos ministérios do Desenvolvimento Regional (MDR) e da Infraestrutura, amparadas pela retirada de R$ 24 bilhões do teto de gastos.
“Porque tem a transposição do Rio São Francisco, tem barragens sendo construídas. E aqui no MDR está o Minha Casa, Minha Vida; que pela primeira vez na história não tinha recursos para a habitação popular. Estamos colocando R$ 9,5 bilhões”, explicou Marcelo Castro.
Por função de governo, os gastos com habitação, saneamento, urbanismo, esporte e cultura sobem algumas dezenas de vezes. Na área de Transportes, o aumento é de quase 100%, chegando a R$ 26,2 bilhões.
Marcelo Castro explicou ainda que foram feitos alguns ajustes na previsão divulgada na segunda-feira como o aumento de R$ 500 milhões para R$ 1 bilhão no direcionamento para o Ministério da Defesa.
Despesas por função no relatório final do Orçamento 2023
Função |
PLOA 2023 (R$) |
RELATÓRIO (R$) |
VARIAÇÃO (%) |
Legislativa |
10,5 bi |
10 bi |
-4,06 |
Judiciária |
45,2 bi |
45,2 bi |
-0,03 |
Essencial à Justiça |
9,5 bi |
9,4 bi |
-1,05 |
Administração |
26,9 bi |
28,3 bi |
5,22 |
Defesa |
87,9 bi |
89,7 bi |
2,03 |
Segurança pública |
13,5 bi |
14,8 bi |
9,71 |
Relações exteriores |
4,4 bi |
4,3 bi |
-1,24 |
Assistência social |
193,7 bi |
271,5 bi |
40,15 |
Previdência social |
956,7 bi |
961,4 bi |
0,49 |
Saúde |
131,6 bi |
174,6 bi |
32,7 |
Trabalho |
94,7 bi |
96,1 bi |
1,49 |
Educação |
130,5 bi |
143 bi |
9,54 |
Cultura |
1,1 bi |
5,7 bi |
409,44 |
Direitos da cidadania |
955 mi |
1,4 bi |
50 |
Urbanismo |
1,2 bi |
9 bi |
611,95 |
Habitação |
0,9 mi |
265,8 mi |
29.433,33 |
Saneamento |
19,6 mi |
1,1 bi |
5.731,63 |
Gestão ambiental |
3,7 bi |
6,3 bi |
69 |
Ciência e tecnologia |
9, 5 bi |
14,5 bi |
53 |
Agricultura |
28,9 bi |
37,1 bi |
29 |
Organização agrária |
1,6 bi |
1,8 bi |
10 |
Indústria |
1,8 bi |
2,1 bi |
14 |
Comércio e serviços |
4 bi |
4,6 bi |
17 |
Comunicações |
3,3 bi |
3,4 bi |
5 |
Energia |
1,4 bi |
1,4 bi |
0 |
Transporte |
13,6 bi |
26,2bi |
92 |
Desporto e lazer |
194 mi |
1,9 bi |
925 |
Dívida pública |
3,15 tri |
3,16 tri |
0 |
Reserva |
103,9 bi |
69,4 bi |
-33 |
Fonte: Relatório final Orçamento 2023
Déficit e reajuste de servidor
Com a entrada dos novos recursos e o atendimento das emendas parlamentares, o total do Orçamento de 2023 será para R$ 5,34 trilhões, sendo R$ 2 trilhões de rolagem da dívida pública. O teto de gastos passa de R$ 1,8 trilhão para R$ 1,94 trilhão.
Como as receitas foram mantidas praticamente as mesmas da previsão enviada pelo Executivo, as contas deverão ter um déficit de R$ 231,5 bilhões em 2023 contra R$ 65,9 bilhões da meta fixada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Marcelo Castro afirmou que os servidores do Executivo terão o mesmo reajuste do Poder Judiciário, de 9%. Para concursos novos, estão previstos R$ 16,7 bilhões, mas o senador solicitou ao governo eleito que contrate os aprovados nos concursos da Polícia Federal, Controladoria-Geral da União, Agência Brasileira de Inteligência e das forças de segurança do Distrito Federal.
O texto do projeto enviado ao Congresso previa a aplicação de R$ 119,8 bilhões em manutenção e desenvolvimento da educação, enquanto o relatório destina R$ 130,6 bilhões. Já a aplicação mínima em ações e serviços públicos de saúde era de R$ 149,9 bilhões no projeto. O relatório prevê R$ 173,1 bilhões.
PEC da Transição
A votação do relatório final do Orçamento de 2023 depende, portanto, da aprovação da PEC da Transição, que aguarda análise dos deputados.
O relator admitiu que não é possível saber se isso ocorrerá ainda nesta semana. “Eu não tenho essa segurança, mas eu precisava fazer o meu trabalho porque o prazo estava expirando. Então o meu trabalho está feito e eu estou contando que a Câmara vai agir com o mesmo espírito que o Senado agiu, aprovando [a proposta].”
Emendas de relator
O senador Marcelo Castro anunciou ainda que as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado devem editar resolução para modificar as emendas de relator no Orçamento da União.
Elas passariam a ser partidárias com 80% do valor distribuído proporcionalmente ao tamanho das bancadas. Outros 20% seriam destinados pelas Mesas e pela Comissão Mista de Orçamento.
Castro disse que, para 2023, todas as emendas de relator estarão identificadas com os nomes dos parlamentares que as solicitaram; o que, de acordo com ele, acaba com o problema da falta de transparência.
Por: Senado Federal
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