Santo André - SP, parabéns pelos 472 anos
Como ocorreu com a maior parte dos municípios que hoje formam a Grande São Paulo e a Baixada Santista, a origem deste topônimo está intimamente relacionado com o português João Ramalho, um dos primeiros europeus a se radicar nas terras brasileiras, nos primórdios do século XVI. Foi dele a iniciativa de se instalar a nove léguas da vila de São Vicente, “à borda do campo” (como se indicava um dos limites do então Planalto de Piratininga), e que deu origem a um povoado denominado Santo André – homenagem ao padroeiro dos barcelinhos, da freguesia de Barcelos, em Portugal. Daí, à criação de uma vila, ordenada pelo governador-geral Tomé de Souza, nascendo bem mais tarde o município de mesmo nome, não seria senão uma questão de tempo.
Segundo o acordo de paz firmado entre Martim Afonso de Souza (1500-1571) e o chefe de Tibiriçá, era proibido aos colonos portugueses subirem a serra: eles deveriam permanecer à beira-mar, e ali se estabelecer com lavoura. As terras e os índios do Interior estariam, assim, protegidos. Entretanto, à retirada de Martim Afonso para Portugal, de onde logo partiu para a Índia, como governador, seguiu-se um rápido concurso de gente serra acima; ou seja, a fundação de novos povoados, no planalto, acabou sendo inevitável.
Um deles foi o que o próprio João Ramalho, por concessão de Martim Afonso, levantou em 1550 na borda dos Campos de Piratininga, num local relativamente distante da Vila de São Vicente, e onde se estabeleceu com sua mulher Isabel (ou Bartira, filha de Tibiriçá, chefe da aldeia de Piratininga), seus filhos e outros colonos que haviam precedido na região. O povoado ficou conhecido como da “Borda do Campo”; nele João Ramalho erigiu, a sua custa uma igreja, uma cadeia e outras benfeitorias públicas, o que animou o governador-geral do Brasil, Tomé de Souza, a elevá-lo à vila, com o nome de Santo André da Borda do campo, em 8 de abril de 1553, e fazer de alcaide-mor (o que, hoje, equivaleria a prefeito) ninguém menos que João Ramalho.
O nome escolhido, Santo André, (referência a um dos apóstolos de Cristo) era o mesmo da fazenda sede que pertencia a Ramalho, mas o motivo que o levou a denominá-la como tal é ainda controverso. Seja qual for o mote, porém, a vila não durou muito.
Em 1553 mesmo, um grupo de jesuítas, do qual José de Anchieta fazia parte, se estabeleceria entre o ribeirão Anhangabaú e o rio Tamanduateí, distante da vila fundada por João Ramalho apenas dezoito quilômetros. Nele os jesuítas fundariam o povoado de São Paulo, para o qual logo acorreriam os habitantes das aldeias dos campos de Piratininga e de Giribativa, cujo senhor era Caiobi, filho de Tibiriçá. Um ano mais tarde, São Paulo seria elevada oficialmente a vila, o que as precauções de Portugal com as incursões francesas ao litoral brasileiro talvez expliquem.
Realmente, datam de meados do século XVI as hostilidades dos carijós, aliados dos franceses, contra os representantes do governo português. E como o Planalto de Piratininga era mais seguro que assim chamada Borda do Campo, onde se instalara João Ramalho e sua gente, já em 1560, o governador Mem de Sá revogaria a condição de vila do lugarejo, o que atingiria tanto Santo André quanto São Bernardo, duas localidades vizinhas uma da outra.
Assim, Santo André permaneceria quase desabitado até que, no final do século XIX seria alcançada pelos trilhos da estrada de ferro São Paulo Railway. Desde 1861, porém, se iniciaria um novo núcleo de povoação no território do hoje município de Santo André, com a denominação de Alto da Serra ou Vila de Paranapiacaba (que, em tupi, significa lugar de se ver o mar, de paranã – mar, epiaka – ver, e aba – lugar).
O nome atual foi aposto somente em 1905, em inequívoca referência à antiga vila fundada por Ramalho. Em 1910, a Lei 1.222-A criou o distrito de Santo André no povoado de São Bernardo (que se situava no atual município de São Bernardo do Campo). E, em 30 de novembro de 1938, emancipou-se oficialmente.
Fonte: (livro) A origem dos nomes dos municípios paulistas, Enio Squeff e Helder Perri Ferreira, 2003, pgs. 258-259.
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