São Paulo - SP, parabéns pelos 471 anos
A complexidade e as dimensões de uma das cidades mais populosas do mundo não tornam difícil encontrar a origem do seu topônimo: São Paulo nasceu da denominação que lhe deram os jesuítas, em 1554, a 25 de janeiro, dia consagrado a São Paulo, ou Saulo, de Tarso. Foi nessa data que os padres rezaram a primeira missa, supostamente no que é hoje o Pátio do Colégio, marco zero da futura metrópole.
Na época, a região era conhecida por Piratininga, nome que perdurou na denominação Campos de Piratininga, usada durante todo o período colonial em referência ao planalto Paulista; e que se prorrogou, popularmente, ao próprio São Paulo, dos Campos de Piratininga, antigo topônimo que designava o povoado, fundado em 1554 e que já em 1560 era elevado a vila, para ser guindado à categoria de sede de Capitania em 1681. Em 1711, São Paulo recebe foros de cidade e, em 1815, é elevada à condição de capital da Província do mesmo nome. Piratininga significa peixe seco, do tupi pirá – peixe e tininga – seco.
Nas explicações de Theodoro Sampaio (citado pelo professor Benedito Lima de Toledo), a expressão se referiria ao que, para os indígenas, seria um complexo de rios ou uma bacia (não apenas o Tietê, portanto), “que, por efeito de transbordamentos, deita peixe fora e deixa-o, depois, em seco, exposto ao sol”. A partir de tal gênese, a expressão Piratininga explicaria não apenas um processo natural, isto é, o regime das cheias da região, mas toda uma série de problemas que, desde então, se prolongaram, do vilarejo à metrópole.
Assim, o que, em princípio, seria uma defesa natural do Planalto, tido também por isso como uma paisagem exuberante, com suas lagoas, uma fauna e uma flora, que maravilhavam os viajantes, se afirmaria, com o tempo, como a causa dos maiores problemas nos anos em que a cidade se estruturaria como tal. Ou seja, por suas próprias condições naturais, São Paulo sempre esteve propensa às enchentes que ainda hoje a maltratam de todas as formas. Se a isso se somar o desordenamento de sua construção, um problema seríssimo da mais rica (mas não a menos pobre) cidade da América Latina, o que se tem é o quadro dramático que, certamente, não estava nos projetos dos padres que a fundaram.
Não espanta, assim, que às cheias se agregassem, sempre dentro da realidade já antevista na própria etimologia da expressão tupi do topônimo, a poluição de quase toda a bacia do Tietê, definida pelos ambientalistas e sanitaristas como “esgotos a céu aberto”. Sem delongas e a título de informação, mencione-se, a propósito, um outro rio no que era o Planalto de Piratininga, no caso, o Tamanduateí, que literalmente quer dizer rio (‘y) do tamanduá (tamanduá) verdadeiro (eté). Cogita-se que, antigamente, como no resto da bacia, os peixes mortos pela falta de oxigênio, durante o período de seca dos alagados, eram atacados pelas formigas, que, por sua vez, atrairiam os tamanduás, conhecidos predadores desse inseto, advindo daí, em síntese, o nome de “rio do tamanduá”.
Seja como for, a capital paulista, a maior e mais importante, mas paradoxalmente a mais problemática cidade brasileira, se, por sua origem indígena, cobra à civilização suas mazelas, no que respeita à parte europeia do topônimo – isto é, à personalidade histórica de São Paulo –, talvez autorize uma ideia de utopia de esperança. Foi São Paulo, grego por nascimento, judeu por sua cultura, mas romano por sua condição de cidadão do Império, quem realmente organizou a Igreja, fundadora do que se convencionou chamar “Civilização Cristã”. E que foi quem implantou a ideia de “católico”, palavra que, na sua origem grega, quer dizer universal, conceito que ele estendeu à sua Igreja, tendo como modelo o próprio Império Romano, do qual foi cidadão.
Assim, a depender das origens e da personalidade de quem se extraiu a primeira parte do topônimo, talvez São Paulo realize, um dia, o que está subentendido na projeção histórica de seu padroeiro.
Fonte: (livro) A origem dos nomes dos municípios paulistas, Enio Squeff e Helder Perri Ferreira, 2003, pgs. 269-270.
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