A Coordenadoria da Infância e da Juventude (CIJ) e a Escola Judicial dos Servidores (EJUS) do Tribunal de Justiça de São Paulo realizaram, na sexta-feira (5), a palestra “Comportamento suicida em crianças e adolescentes”, conduzida pelo psiquiatra e doutor em Saúde Pública Orli Carvalho da Silva Filho. A juíza integrante do Núcleo de Interlocução para Políticas em Primeira Infância (Nippi) Maria Lucinda da Costa mediou o encontro.
No início da exposição, o palestrante destacou que o comportamento suicida tem múltiplas causas e, por isso, os questionamentos ligados ao tema também devem ser amplos. Foram abordados quatro eixos principais: a importância de falar sobre o assunto, a definição de comportamento suicida, os mecanismos de prevenção e a possibilidade real de prevenir.
O psiquiatra compartilhou dados que apontam o aumento da mortalidade por suicídio entre adolescentes. Segundo levantamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 2019 esta foi a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos no mundo. “A estimativa de que ocorre um suicídio a cada 40 segundos tem origem no manual publicado em 2014 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que reportou mais de 803 mil casos em 2012, grande parte em países em desenvolvimento, com pico em torno dos 20 anos”, explicou.
Outro ponto destacado foi a diferença entre autolesão e tentativa de suicídio, que podem coexistir, mas têm características distintas. Orli Carvalho da Silva Filho salientou que o comportamento suicida é, frequentemente, uma expressão de sofrimento psíquico agravado por experiências de violência — seja ela doméstica, institucional ou estrutural. “A prevenção passa, necessariamente, por todas as formas de violência e pela redução do sofrimento psíquico”, sintetizou.
Ao tratar das estratégias preventivas, o psiquiatra ressaltou a importância de ações intersetoriais e a promoção de habilidades socioemocionais desde a infância. “Capacitar crianças e adolescentes a reconhecer, compreender e expressar suas emoções pode funcionar como uma medida de proteção efetiva contra comportamentos autolesivos. E isso não depende exclusivamente de profissionais da saúde mental. O espaço escolar, por exemplo, é um ambiente privilegiado para essas ações.”
Por fim, o palestrante discutiu o papel da rede de proteção, a importância da identificação precoce dos sinais e os desafios da abordagem do suicídio infantojuvenil, ainda considerado tabu. Ao encerrar sua fala, reforçou: “É preciso reconhecer a humanidade e o sofrimento dessas crianças e adolescentes. Transformar os nós de suas trajetórias em laços seguros é nosso maior desafio.”
Comunicação Social TJSP – BL (texto) / LC (reprodução e arte)
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