Museu do Ipiranga renasce no bicentenário da independência
Com a finalização das obras de ampliação e restauro do Museu do Ipiranga em setembro deste ano, o Brasil ganhará um dos mais completos e modernos museus da América Latina. Desde outubro de 2019, o prédio, inaugurado em 1890, tem passado por uma reforma total, com reparos em todos os detalhes da arquitetura, incluindo os 7.600 metros quadrados das fachadas, que, pela primeira vez em sua história, passaram por limpeza, decapagem, recuperação dos ornamentos, aplicação de argamassa, tratamento de trincas e pintura.
O Museu angariou o maior valor já captado entre a iniciativa privada pela Lei Federal de Incentivo à Cultura. A expectativa é de que, após as obras, o novo museu passe a receber entre 900 mil e 1 milhão de visitantes por ano. O custo total da obra foi de R$ 235 milhões. Foram feitos aportes também pelo Governo do Estado de São Paulo e empresas, mas sem incentivo fiscal. O governo estadual investiu R$ 34 milhões no museu, dos quais R$ 15 milhões foram no Edifício Monumento e R$ 19 milhões no Jardim Francês.
A abertura no mês de setembro contempla um grande trabalho feito em duas frentes: restauro do Edifício-Monumento e construção de um edifício ampliação. O projeto ainda incluiu a modernização e ampliação do espaço que passa a ser totalmente acessível; 3.500 obras do acervo passaram por restauro e ganharão recursos multissensoriais nas mostras da reabertura. Prezando pela integridade do conjunto, o Novo Museu do Ipiranga também terá restaurado o Jardim Francês, localizado em frente ao Edifício-Monumento. Estimada em R$ 19 milhões e custeada pelo Governo do Estado, a obra previu a restauração de toda a área construída e de paisagismo.
Para pintar a monumental fachada foi utilizada uma tinta mineral, desenvolvida especialmente para o museu, que permite a troca de umidade entre o prédio de cal e o ambiente. Um estudo estratigráfico [ramo da geologia que estuda as camadas de rochas] e o processo de decapagem também tornaram possível recuperar a cor original da construção do século 19.
Tetos e paredes do interior receberam tratamento similar. Os elementos de marcenaria, como as 450 portas e janelas, foram catalogados, retirados e restaurados em oficinas no canteiro de obras, e recolocados no mesmo lugar, bem como os 1.900 metros quadrados de assoalho que revestem o piso da edificação. 1300 pisos de ladrilho hidráulico franco-alemão também passaram por restauro e outros 700 foram reproduzidos e substituídos. Com a instalação de elevadores, o edifício-monumento será, enfim, totalmente acessível.
Outro quesito essencial no projeto são os métodos para prevenção de incêndios. O sistema de sprinklers adotado é do tipo “pré-ação” com tecnologia que antevê alarmes falsos, evitando disparos acidentais. Já o sistema de detecção de fumaça utiliza a técnica de aspersão (sucção do ar em intervalos fixos) para constante análise, podendo identificar partículas de resíduos queimados que podem prenunciar um incêndio. Os sistemas comuns de detecção de fumaça são acionados apenas em caso de muita fumaça, ou seja, após o incêndio ter tomado certa proporção. Dessa forma, com a técnica de aspersão, garante-se a proteção do prédio por meio de um sistema mais efetivo.
Para a ampliação foi realizada uma escavação em frente ao edifício, que abrigará a nova entrada, bilheteria, auditório para 200 pessoas, espaço educativo, café, loja e sala de exposição temporária, dobrando sua área total construída – originalmente de 6.400 mil metros quadrados –. Com espaço modernizado que conta com elevadores, escadas rolantes e sistema de ar-condicionado, e totalmente acessível, inclusive no tratamento das peças do acervo.
O projeto abarca também o Jardim Francês, localizado em frente ao edifício-monumento. Foi feita a restauração de toda a área construída e de paisagismo, restauro e modernização da iluminação pública, requalificação das vias de acesso, reativação da fonte central e a recuperação de duas fontes presentes no projeto original do jardim, que foram destruídas na década de 1970. Os delfins e cachepôs que adornam as fontes foram restaurados e reinstalados. Os ornamentos tiveram suas trincas reparadas em laboratório com o mesmo material de origem e já foram religados às mangueiras das novas instalações.
Acervo restaurado e novas exposições
Simultaneamente às obras de restauro e ampliação acontecem os trabalhos de conservação dos itens que estarão expostos na reabertura. Mais de 3 mil foram restaurados e 353 deles receberam tratamento multissensorial, facilitando as interações táteis e olfativas – há salas com cheiros -, além de material em braile. Os objetos datam dos séculos 19 e 20, mas há itens mais antigos, que remontam ao Brasil colonial. São pinturas, esculturas, moedas, documentos textuais, fotografias, objetos em tecido e madeira e duas maquetes de grande porte.
O quadro mais conhecido do acervo do museu – a tela Independência ou Morte, de Pedro Américo – foi um dos primeiros trabalhos a serem restaurados, em 2019. Mas a pesquisa para o restauro do quadro começou ainda em 2017. O restauro foi realizado no Salão Nobre, espaço onde o quadro permaneceu, devido ao seu tamanho. A tela, com dimensões de 415 cm x 760 cm, é maior do que as portas e janelas do salão e foi montada originalmente no local onde está até hoje, sem nunca ter sido retirada. A equipe do museu teve a tarefa de protegê-la dos resíduos do restauro da sala, com um tecido especial que impede a entrada de pó, permitindo que a obra “respire”.
Com a reabertura do Novo Museu do Ipiranga, o público terá a oportunidade de visitar 12 exposições – 11 de longa duração e uma mostra temporária prevista para novembro. As de longa duração são divididas em dois eixos temáticos: “Para entender a sociedade” e “Para entender o museu”. A exposição de curta duração, denominada Memórias da Independência, vai inaugurar a área expandida do museu e ficará disponível por quatro meses. Nela, será explicado como a Independência foi estabelecida em diferentes partes do País e estarão expostas obras de personalidades importantes nesse processo.
No total, serão expostos 3.058 itens pertencentes ao acervo do museu, 509 itens de outras coleções e 76 reproduções e fac-símiles. Outro aspecto importante das novas exposições do museu é a tratativa com a presença de monumentos que homenageiam figuras e situações controversas, como estátuas de bandeirantes e quadros com representações que celebram a destruição de missões e populações indígenas.
Outra das premissas do novo projeto é a acessibilidade. Haverá telas táteis, reproduções em metal, dioramas (maquetes tridimensionais feitas a partir das obras do museu), plantas táteis para localização dos visitantes, dispositivos olfativos, reproduções visuais e táteis (reproduções de imagens com aplicações de texturas para o toque), reproduções 3D e em outros materiais semelhantes aos objetos originais (como pedra e metal), cadernos em braile, amostras de texturas e objetos originais adquiridos especificamente para o manuseio dos visitantes. O processo ainda se completará na programação educativa a ser oferecida, com ações e estratégias de mediação que visam a contemplar distintos perfis de público.
Parque Independência é modernizado com a reabertura do Museu do Ipiranga
Em 7 de setembro de 1822, D.Pedro I deu o grito de independência que fazia o Brasil deixar de ser colônia de Portugal e o transformava em nação própria. Este ato aconteceu na área onde hoje está localizado o Parque Independência e para a comemoração do seu bicentenário, que marca a reabertura do Museu, muitas obras estão sendo realizadas para modernizar o espaço, em um investimento da Prefeitura superior a R$ 11 milhões.
A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, da Prefeitura de São Paulo, fez adequações em bancos, lixeiras, pistas de cooper, acessos, sanitários públicos, refeitórios e vestiários dos funcionários dos parques. No parquinho estão sendo trocados todos os brinquedos, com a instalação também de aparelhos inclusivos, bem como piso para absorção de impacto. Além disso, o parque será ampliado em aproximadamente 45 mil m² de um total de 206 mil m², na área situada no cruzamento entre a Rua Bom Pastor e a Rua dos Sorocabanos.
O local contará com pista de skate, aparelhos de ginástica, parquinho, edifício administrativo, sanitários públicos e sala multiuso acessíveis, além de rota para pessoas com deficiência composta por planos inclinados, rampas e caminhos em deck de madeira plástica e concreto desempenado. Isso garantirá a conexão entre as principais áreas de intervenção e o acesso à “Casa do Grito” e à área do Monumento.
Este espaço também passa por melhorias nas edificações, acessibilidade e climatização, por parte da SPObras. No “Monumento à Independência”, a reforma e conservação contemplam atividades de limpeza dos granitos, correção de problemas de infiltrações, troca do sistema de ar-condicionado, readequação dos banheiros, novas instalações elétricas e melhoria das condições de acessibilidade. Há, ainda, a readequação dos níveis existentes no espaço expositivo interno, incluindo a instalação de uma plataforma elevatória para possibilitar o acesso ao nível da “Cripta Imperial”.
Serviços gerais são executados no pátio externo junto ao Monumento, como a readequação da geometria do local. Também estão sendo implantados dois jardins de chuva junto ao pátio para resolver o problema do acúmulo de águas pluviais, que são destinados a reter e absorver o escoamento da água da chuva que flui de telhados, pátios, gramados, calçadas e ruas. As peças quebradas do piso de granito já foram substituídas por outras equivalentes.
A “Casa do Grito” conta com a recuperação de trincas existentes, aplicação de nova pintura da edificação e a abertura de novos acessos externos. Os dois mirantes localizados na área estavam danificados e também estão sendo recuperados.
Por: Associação Paulista de Municipios
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