Este semestre, uma parceria entre o escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Tailândia, no nordeste paraense, e a ONG internacional Earthworm Foundation Brasil (em português, “Fundação Minhocas Brasil”) entregou a 45 plantadores de dendê do município o principal documento de identificação e de acesso a políticas públicas no âmbito da agricultura familiar: o cadastro nacional da agricultura familiar (caf). 

Moradoras das comunidades Água Branca e Sucutuba, ambas endereçadas na Vicinal do Parola, no Km 107 da rodovia PA-150, as famílias mantêm, cada uma, 10 hectares de dendê, em média. As propriedades também situam plantio de açaí, de mandioca e de pimenta-do-reino. 

No caso do dendê, o produto é diretamente comprado pela Agropalma e pela Belém Bioenergia Brasil (BBB), como matéria-prima da indústria de alimentos e de biocombustível. Na negociação, o caf é necessário como instrumento contratual. Ainda, o registro consta tal qual exigência à concessão de crédito rural, seja qual for a atividade. 

Foto: DivulgaçãoDe acordo com o chefe do escritório local da Emater em Tailândia, o técnico em agropecuária Rômulo César Cardoso, nas comunidades em questão a Emater já prospectou demanda imediata de financiamento para a linha Mais Alimentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), a fim de compra de maquinário, com potencial liberação de recursos pelo Banco da Amazônia (Basa) e Banco do Brasil (BB). 

O gestor reforça a importância da junção de esforços com o Terceiro Setor: “Foi um apoio mútuo para a identificação das necessidades urgentes dessas famílias. O dendê é um elemento-chave no cenário socioprodutivo atual da região e sem o caf as famílias não conseguiriam receber o pagamento das empresas, por exemplo”, diz. 

Para o analista de projetos da Earthworm, Edivan Matias, a ação de colaboração da Emater tem a ver com os valores da ONG: “Desde 2018, atuamos neste território, com fomento, organização social, facilitação de acesso a políticas públicas e a novos mercados. Promovemos, por exemplo, capacitações contínuas em gestão participativa, manipulação de alimentos, empoderamento feminino. Essas estratégias contribuem para o combate ao êxodo rural e para o desenvolvimento sustentável como um todo”, explica. 

O especialista destaca o projeto Landscape Tomé-Açu (em português, "Paisagem" ou "Cenário" Tomé-Açu; tradução livre), uma iniciativa de apoio a comunidades rurais protagonistas das cadeias do cacau, fruticultura e cacau em cinco municípios da microrregião: além de Tailândia e Tomé-Açu, Acará, Concórdia do Pará e Moju. "São centenas de famílias engajadas, treinamentos em práticas sustentáveis, valorização das mulheres como lideranças, entre outros resultados”, disse Edivan Matias.